quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

2010, literalmente o ano da virada!

Vou aqui me despedir de um dos melhores anos da minha vida. Sei que não foi bom pra muita gente, mas para mim, 2010 foi nada menos que sensacional! (Peco desculpas pela falta de acentuacao!)

Já começou comigo encarando um desafio enorme, em fevereiro, quando fiz minha cirurgia bariátrica. Fazer essa cirurgia foi a ação resultante de mais de um ano de muita reflexão, pesquisa, conversas com outras pessoas que foram operadas, conversas com médicos, consultas à família e amigos mais próximos. Nunca vou me esquecer de estar "na varanda" do meu antigo apartamento, quando ainda morava sozinha, conversando com minha melhor amiga, e dizendo a ela que estava disposta a uma mudança radical e que não haveria volta, uma vez que eu disparasse em direção a esse futuro.

O dito, o feito. Fiz minha cirurgia e emagreci, até agora, pouco mais de 36 kg. Não tem como explicar o que é emagrecer esse tanto pra quem nunca teve problemas de peso. Uma comparação aproximada para uma pessoa magra seria, talvez, ter um filho. A mudança é total e incomparável com qualquer outra experiência, e a vida começa a ser vista de um outro ângulo. Na verdade, assim como com um filho, a vida recomeça.

E entao em marco eu fui pela primeira vez ao show de uma banda que amo de todo o coracao, o Guns N' Roses. Foi maravilhoso realizar o sonho de ver o Guns ao vivo, e em minha cidade, embora da banda original so reste mesmo o Axl e o tecladista. Pude tambem ir ao hotel e conheci parte da "nova" banda pessoalmente, caras muito legais e receptivos, eu nao esperava por isso! E, logo em seguida, tive a oportunidade de ve-los mais perto no palco, quando ganhei o ingresso da pista VIP do show em Porto Alegre. E mal eu sabia que iria nesta cidade conhecer algumas pessoas sensacionais que se tornaram minhas amigas e me acompanharam por essa estrada de rock e crescimento o ano todo!

Em abril recebi a comitiva do Presidente da Africa do Sul, marcando a minha melhor atuacao no trabalho ate hoje. Muito sofrimento (fisico, inclusive, pois o corpo ainda estava se adaptando ao novo estomago) e muita tensao, mas no fim, um trabalho elogiado e reconhecido, que me deu seguranca ate mesmo para sonhar com um futuro profissional diferente!

Foi em abril tambem que comecei a fazer exercicios fisicos com regularidade. Entrei numa academia e, para minha eterna surpresa, adorei malhar! Consegui um corpo mais definido, mais bonito, mais saudavel e uma disposicao sem fim! Aprendi, devagar, a cozinhar, para poder ter uma alimentacao mais condizente com meu novo estilo de vida, e hoje cozinhar me traz um prazer sem igual...tao ou maior do que comer, talvez!

Em maio tirei uns dias de folga muito merecidos e fui para Sao Paulo, rever parentes que nao via ha muitos anos e encontrar e reencontrar amigos, alem de ver o show do Aerosmith, que foi muito bom, embora tenha ficado um pouco abaixo da minha expectativa. E em SP o coracao balancou pela primeira e unica vez em 2010. Independente do desfecho, foi muito bom ter conhecido esse cara e ter vivido momentos extremamente marcantes da minha (nova) vida com ele, por causa dele, e mesmo para esquece-lo. Tudo valeu a pena.

Quando voltei, em junho, comecou a temporada de festas e baladas...e de conhecer mais gente! Um casamento em junho me deu um momento magico de uma danca surpresa; e depois mais festas, e mais dancas, e mais surpresas...definitivamente minha vida social foi um absoluto sucesso em 2010! Teve Copa do Mundo tambem, e a interacao com os colegas de trabalho foi muito maior e melhor do que jamais havia sido! Um coleguismo muito positivo neste ano que passou!

Segue junho...e um ano da morte do meu querido Michael Jackson reacendeu minha veia romancista. Estou escrevendo uma historia sobre ele, que nao sei se quero publicada, mas com certeza foi/esta sendo uma das minhas melhores historias ate hoje, tenho tanto orgulho dela! E tambem no finzinho de junho conheci a Gabi, a Celia e o Projeto I'll Be There, que com certeza vai me dar muito mais alegrias em 2011!

Agosto, meu aniversario! Tanta gente especial...uma comemoracao simples, mas regada a uma alegria sincera! Eu pude olhar em volta, sorrir e dizer: "estou bem, realmente bem!". Nao me lembrava da ultima vez em que meus sorrisos foram tao espontaneos e a minha alegria tao despreocupada!

Outubro vieram mais ferias! Muito, muito aguardadas e planejadas! Afinal, outubro significaria 1) reuniao das amigas 2) num show do Bon Jovi e ainda por cima 3) na gloriosa Sampa! Foi sensacionalmente incrivel, sem igual, perfeito e inesquecivel! O melhor show do ano, as melhores baladas do ano, a maior diversao possivel! So o que eu queria era que todos os meus meses fossem infindaveis outubros de 2010! :D

Em novembro veio a confirmacao da minha mudanca e a venda do apartamento que possibilitou a compra da minha nova (e linda, diga-se de passagem!) casa. Isso deixou minha familia mais unida, tranquila e feliz. Ter planos sempre ajuda a ter mais equilibrio, nao acham? Gracas a Deus, as relacoes familiares tambem foram muito melhores neste 2010.

Em dezembro me despedi de uma pessoa que foi muito importante pra mim, com quem aprendi muito, mas sofri muito tambem: meu ex-chefe. Depois de cinco anos trabalhando com ele, confesso que as licoes superaram os aborrecimentos e devo as experiencias que tive com ele como meu chefe uma boa parte do que sou hoje como (boa) profissional.

E agora me despeco desse ano fastastico, em que fui corajosa, amiga, atleta, cozinheira, apaixonada, escritora, filha, paciente, secretaria, dancarina, louca, piadista, mas principalmente FELIZ!


FELIZ 2011!!!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Curada

Sei que as pessoas falam muito mal de Crepusculo e tal. Mas os livros sao realmente interessantes e durante algum tempo me ajudaram muito a passar por uma fase estranha da vida, la por 2008 e parte de 2009. Eram meu entretenimento, meu escape. Num deles, Lua Nova, a personagem principal, Bella, descreve o reencontro com o namorado mais ou menos assim:

"De repente nao havia mais buraco (quando o reencontrei). E parecia nunca ter havido. Nao e' como se eu tivesse sido curada, mas sim como se eu nunca tivesse sido ferida".

Nao estou colocando o trecho exato, mas a vibe e' semelhante. Ontem senti isso pela primeira vez no espaco de alguns meses. E nao foi por causa de um encontro especifico apenas, foi por causa de mim mesma. Estou curada, inteira. Dos males que remontam a 2008 e dos problemas recentes tambem. Sentimentalmente, profissionalmente, psicologicamente... eu estou BEM. Nao como se estivesse me remendado, mas como se nunca tivesse havido dor.

Agora eu posso afirmar com seguranca que os baus estao todos fechados, os fantasmas quietos, os cemiterios em paz. Nao tenho mais medo de sofrer, porque sei que o sofrimento, quando vier, sera administrado. Eu sou mais forte agora do que jamais fui e ja tenho recursos, adquiridos nos anos recentes, de permanecer forte, alegre, positiva, principalmente positiva. Existe em mim uma certeza inabalavel de que tudo ira dar certo, mesmo que nao haja datas para "tudo". Eu so me cobro equilibrio.

Tenho projetos pessoais e profissionais, coisas que nunca fiz na vida. Tenho estrutura mental, uma familia querida que me apoia, amigos maravilhosos. Mas nao ha e nunca houve sentimento semelhante ao amor como sinto agora... por mim mesma!

Adeus ao passado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Suave...

E a vida vai muito bem, obrigada.



Em relaçao ao post anterior, hoje ocorreu a reunião com meu supervisor. Surpresa! Ele nao só manteve meus pontos, como me elogiou bastante. E a conversa fluiu, de modo que eu nao precisei, como eu havia achado que precisaria, fazer todo um discurso pra defender meu lado, e garantir o bom nível da avaliaçao. Nao que eu nao merecesse cada mísero pontinho e nao estivesse preparada para argumentar, só...foi bem mais fácil do que eu pensava! E ele (meu chefe) reconheceu que a minha mudança de atitude nos últimos meses foi extremamente impactante na qualidade do meu trabalho que, só pelo fato de terem sido mantidos os meus pontos de avaliaçao, ficou claro que deu um salto qualitativo.



Assim como foi fácil ou, pelo menos sem maiores complicações, resolver a questao da minha nova casa. Está tudo praticamente concluído e devo (devemos, pois seremos eu e minha mae), nos mudar em um mes. Achamos a casa que queríamos, do jeito que queríamos e, o melhor, num preço que podíamos pagar. Agora, faço planos de mudança, e nao só de lugar físico, mas - mais uma vez - de atitude também. Espero deixar pra trás nesta mudança o resto de "pesos" e sentimentos amargos antigos que ainda acumulo, só um restinho...



E por falar em mudança, está quase na hora de fechar o baú. Sim, aquele mesmo, o dos sentimentos por uma pessoa que não podia e não queria (ah, e não deveria!) recebe-los. Por mais que eu tenha sentido algo muito forte, nada é mais forte do que a minha vontade de ser cada vez mais feliz, e a felicidade nao está em braços que nao podem te receber. Primeiro está nos seus próprios braços, e pernas, e pés, (e cérebro!) que te levam a buscar seus objetivos, e isso pra mim já é questao fechada. Primeiro eu, depois o samba, como diria a música popular... e depois...bem, depois ainda nao existe.



Por fim, parece que até meu carro vou conseguir recuperar! Nao posso descrever como me sinto feliz por isso! Como me faz falta! E acho que mereço um BIG "parabéns" por ter me virado tao bem sem ele nos últimos dois meses.



Enfim, é como eu sempre repito pros outros: "nao há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe". Uma coisa é ler isso e repetir. A outra, é acreditar. E a terceira, mais impressionante, é VIVER essa premissa. Isso aconteceu comigo. Eu sou uma prova viva de superaçao e estou muito satisfeita com tudo o que me cerca, no momento.

domingo, 31 de outubro de 2010

O Bloco do Ninguém Pisa

Recentemente, tomei uma atitude definitivamente inusitada no trabalho: convenci dois dos chefes a me inscreverem em um seminário sobre Legislação Trabalhista, embora uma outra pessoa houvesse sido indicada para participar.

Em seguida, fazendo minha avaliação semestral, dei uma bela 'turbinada' em minha pontuação, e estou pronta a contra-argumentar para manter meus pontos, caso meu chefe venha a discordar deles.

E então, em outro momento, conversando com uma amiga, comecei a fazer uma lista de pontos fortes profissionais que tenho, e ela me lembrou que na última conversa que tivemos sobre trabalho, eu havia dito que não era boa em nada.

Incrivelmente, há menos de um ano eu não teria tido esses momentos tão afirmativos em relação a minha vida profissional. Apesar de sempre ter sido uma pessoa questionadora, eu sempre fui também um tanto 'mansa', conformada. Na verdade, o nome disso era insegurança, e no trabalho ela sempre me perseguiu.

Só que agora os tempos são outros. Não só eu reconheço meu valor profissional como sei que estou ocupando um cargo por merecimento, que sou muito boa no que faço e que posso ser melhor ainda. Também sei que lá onde trabalho as pessoas todas me devem respeito, precisam do meu serviço e reconhecem, em um grau cada vez maior, a minha importância. Não se trata de me sentir mais valorizada pelos outros (a gente vive buscando isso, né?). Trata-se de saber que eu, como profissional, tenho talento, iniciativa, brilho. E que, principalmente, não é qualquer "vento" que me derruba.

Estou mesmo colocando meu bloco na rua, e cada vez mais as alas aumentam. Por hora, é o Bloco do Ninguém Pisa, ninguém humilha ou passa por cima, profissional ou pessoalmente.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"The Sweet Hello, The Sad Goodbye"

Red like fire was the day I met you.
I tell you now, there are no regrets.
In this room there are many memories.
Some are good, some I try to forget.
I thought we were the chosen ones,
who were supposed to fly.

We're very much the same, you and I.
The sweet hello, the sad goodbye.
Still waiting to get hurt, time after time.
The sweet hello, the sad goodbye.
When love lies in our hands, we seem to run and hide.
And I can't help but wonder why.
The sweet hello, the sad goodbye.

My heart was like a runaway train, babe.
I don't believe I've ever felt more alive.
In this room I hear voices linger.
We never talked about the price.
You know you're not the only one,
who knows how to cry.

We're very much the same, you and I.
The sweet hello, the sad goodbye.
Still waiting to get hurt, time after time.
The sweet hello, the sad goodbye.
When love lies in our hands, we run away and hide.
And I can't help but wonder why.
The sweet hello, the sad goodbye.
The sweet hello, the sad goodbye.

We're very much the same, you and I.
The sweet hello, the sad goodbye.
Still waiting to get hurt, time after time.
The sweet hello, the sad goodbye.
When love lies in our hands, we run away and hide.
And I can't help but wonder why.
The sweet hello, the sad goodbye.
Goodbye.

The sweet hello, the sad goodbye.
The sweet hello, the sad goodbye.
The sweet hello, the sad goodbye.

(Roxette)

Ah, a incrível liberdade de se falar abertamente sobre algo, não importando quem leia, onde e como. Não importando a reação do outro lado, pois não existe mais reação possível, uma vez que tudo foi analisado, mastigado, concluído. Essa nova sensação de liberdade me faz sorrir, embora uma parte do meu coração ainda sangre. Não importa agora. Fui mais longe e tive mais coragem do que eu e você estávamos preparados para enfrentar. E, ainda assim, tenho tanto orgulho de mim mesma. Pedante, eu sei. Quase chata. Mas verdadeira. O que seriam de todas as histórias se um lado não estivesse vivo, alerta, para contá-las? Tudo se perderia nas brumas do ontem, do que foi esquecido, do que se jogou num baú de memórias, com uma tarja em que se lê "bola pra frente".

Eu abro meus baús de vez em quando. De lá eu tiro lembranças, e mais coragem. Quando eu abrir o seu, lá na frente, o que tirarei eu? Lições, provavelmente. Saudade... é possível. Não tenho idéia do que mais, o tempo é que dirá. Por enquanto, o baú está sem chave, e nesse exato momento ele transborda. Daqui a alguns dias, semanas, mesmo meses, farei uma 'faxina' e o conteúdo estará mais selecionado. Então poderei dizer o que dentro dele é lixo, fruto dos meus excessos, da minha intensidade, e o que é fato. E o que for fato será carinhosamente guardado e eventualmente reaproveitado. E então, querido, o baú será fechado. Algo me diz que você torce por esse dia... a sua paz... sabe como é.

Até lá, porém, à sua revelia (ou não!), ao contrário do que diz o bom senso, os bons costumes, a discrição que se espera das mulheres, o comedimento, e todos os livros de etiqueta feminina, eu falarei. Escreverei, melhor dizendo. Fará parte da minha terapia, da minha cura, do meu luto, como quer que se chame o eterno – e admirável - processo de uma mulher que se recupera.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sabedoria literária

"...o correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza. No fim, tudo da certo e se não deu certo é porque não chegou o fim."

(Guimarães Rosa)

Mas há de chegar ao fim. Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe. E algo me diz que estou muito perto da resolução de vários problemas. Confio em Deus.

domingo, 19 de setembro de 2010

Start over...yet again

Essa semana terei que me desfazer de algo que é o último símbolo de um passado que, um dia, terei esquecido completamente. É uma representação física do tanto que já fui irresponsável, desmesuradamente apaixonada, confiei em quem não devia e da minha falta de planejamento. Em contrapartida, foi também uma conquista e algo que me serviu bem por dois anos.

É incrível como superar dificuldades demanda muito mais tempo do que criá-las. Se eu soubesse na época o que sei hoje, será que teria condições de ter me preservado, a ponto de nunca ter precisado chegar aqui? E não adianta me questionar agora, as coisas aconteceram, o mal já foi feito, a irresponsabilidade que antes era meu guia já se transformou num cobrador sério, e as dívidas literais ou figurativas já estão aqui, sendo cobradas agora, não pelos outros, mas por mim mesma.

Tenho dívidas com a pessoa que fui, eu não consegui ainda perdoá-la por seus erros, ainda não consegui me livrar do sentimento de culpa de ter afetado tanta gente ao meu redor com minhas loucuras, de ter me afetado tão profundamente. Enquanto agora há uma mobilização da minha família, principalmente, para que eu me erga de novo, uma tristeza profunda toma conta de mim, não só desejando que eu tivesse me comportado diferente, mas envergonhada, doída, pensando em tudo que cheguei a conquistar e perdi.

E ainda me dói o coração por um sentimento que cultivei sem licença, nem dele e nem minha. Uma bobagenzinha que deixei crescer mais do que deveria e, claro, está me trazendo agora uns frutos amargos. Nada que o tempo mesmo não se encarregue de esmorecer e eventualmente apagar, mas o problema é esse por enquanto que já se configura infinito (enquanto dura).

Mas o importante é que tenho fé, ou, pelo menos, tento me convencer que ainda tenho. E tenho amigos também, muitos e bons. E, felizmente, há uma solução para ambos os problemas, o que tem me faltado realmente é coragem. De qualquer forma, um dos problemas se resolverá nos próximos dias e o outro...bem, ao que tudo indica, está se resolvendo à minha revelia.

Não é nada tanto assim, como diria aquela música, mas é que eu acho que depois de tudo o que passei desde 2008 eu realmente não precisava/merecia sofrer mais nenhuma perda. Mas Deus é quem sabe, bem melhor que eu, do que eu preciso. Sei que é impossível sobreviver incólume, embora eu quisesse.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Em pausa

Existem momentos em que o turbilhão de sentimentos é tamanho, que somente o silêncio é eloquente o suficiente para expressar o que sinto, e esse é um deles.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por que eles nos assustam?

Acho que passei a vida sentindo medo dos homens. Talvez tenha sido essa a razão que me fez, criança ainda, liderar uma gangue do colégio que só batia em meninos. Eu chegava a invadir o banheiro masculino, tirar os moleques de lá embaixo de tapa e assim me vingar do roubo de lanches, dos apelidos maldosos e até das tímidas 'declarações de amor' que eles faziam a mim e as outras meninas, que nos faziam morrer de vergonha na frente das professoras.

Mais tarde, eu não dançava nas festinhas, mesmo que me convidassem. Podia cair o mundo, mas eu não desencostava daquela parede! Lembro de ter conhecido minha melhor amiga dançando, porque eu acho que nós duas tínhamos tanto pavor dos meninos que preferíamos dançar sozinhas a ter que enconstar naquela coisa estranha chamada garoto.

Porém, ironicamente, eu vivia apaixonada. Tive mil paixonites de escola e mais mil fora dela. A cada seis meses eu ficava fascinada pelos tipos mais improváveis... o baixinho, o de óculos, o nerd, o que botava apelido em todo mundo, o absolutamente virgem (deve ser até hoje!) e, é claro, o-mais-gato-do-colégio-que-não-sabia-que-eu-existia. Mas nessas paixões todas, o traço em comum era o medo da aproximação. Deus me livre um trem daqueles vir falar comigo! Eu corria, me escondia, batia o telefone na cara... é de se admirar que eu tenha conseguido alguns relacionamentos efetivos na vida, dado o nível da minha covardia.

Mas, por que os homens assustam? Esse comportamento não era só meu e, mesmo adulta, eu e outras mulheres temos dificuldade de encarar um homem com honestidade de sentimentos. Acho que isto acontece porque muitas de nós somos criadas com a noção de que homem é um ser que serve pra uma coisa somente: machucar a gente. Passamos a vida pensando que à menor oportunidade, eles irão nos trair, deixar, decepcionar, roubar nossos sonhos, nosso orgulho e até nossos bens. E às vezes acontece isso mesmo. Mas às vezes, não percebemos que o medo que sentimos deles é o mesmo que eles sentem da gente e, quando eles nos machucam e por exemplo somem, estão tentando lidar de maneira tosca com o medo de se envolver, se apaixonar, sofrer e ser abandonado. A diferença é que eles agem preventivamente, enquanto as mulheres encaram uma experiência inteira antes de desistirem, o que não torna as mulheres melhores ou menos covardes pois, muitas vezes, 'agir como homem' e pular fora antes da maionese desandar é absolutamente a coisa mais inteligente que se pode fazer.

Recentemente eu tenho tentado enxergar os homens de modo mais igual, apesar de reconhecer que existem dferenças insuperáveis entre os gêneros. Mas, desde que comecei a entender - sem quebrar a cabeça nem perder o sono, claro! - o que os motiva, tenho me sentido mais segura de me aproximar e, olha que maravilha, tenho muito menos medo de me machucar. Uma frase até boba que ouvi há muitos anos me serve maravilhosamente agora: só pode te magoar quem você deixa. Não há necessidade de construir uma fortaleza instransponível em volta do coração, mas de selecionar quem vai ou não entrar nele. É possível. Inclusive, é possível manter vários níveis de relacionamento, desde a amizade absolutamente desinteressada até o sexo casual e 'administrar' todo mundo numa boa, sem magoar ninguém. Os homens (pelo menos os mais inteligentes) descobriram como fazer isso e convém aprender deles.

Sei que o 'terreno' dos relacionamentos é irregular, pedregoso e difícil. Caí por ele muitas vezes na vida e ainda tenho as cicatrizes. Mas hoje, pelo menos, eu olho antes de pisar, e ando com confiança e, principalmente, sou honesta, comigo e com ele, seja quem for ele. Dificilmente tropeçarei nos mesmos buracos.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Beleza, poder e inveja


Não se assutem com o título, não estou escrevendo uma novela pro SBT. Só queria refletir um pouco sobre a mudança de atitude (principalmente dos outros em relação a mim) desde que inaugurei essa faceta, ser bonita.

Qualquer amigo(a) que ler isso pode até protestar que eu era bonita antes, mas não é verdade. Talvez tenha sido, na adolescência, mas minha insegurança era muita para que eu reconhecesse minha beleza, e fizesse proveito dela. Agora, é diferente. Não só me considero bonita, como faço parte daquele grupo (pouco popular) de pessoas que são bonitas e sabem disso. Melhor. Faço parte de um grupo de pessoas que são bonitas e sentem isso.

O mais interessante quando você se torna uma pessoa bonita sem antes ter sido é, sem dúvida, a mudança de atitude das pessoas que te conhecem. Eu não estou falando de um vizinho tarado que me espie de binóculo, mas de gente como a minha mãe. Minha mãe mudou em relação a mim; ela percebe minha autoestima aumentada, o fato de eu me vestir melhor e parecer mais bonita como uma vitória própria, com emoção. Ela me ama e quer me ver feliz, sem dúvida, mas minha mudança é como se fosse a mudança dela. Ela perigosamente se projeta e realiza em mim.

Por outro lado, há os que me vêem de maneira bem negativa, como uma ameaça. Há uma mulher no meu trabalho, com quem antes eu conversava com certa camaradagem - não demais, também, porque é uma pessoa muito fechada e arredia - que agora não vira nem a cabeça pra me olhar quando a cumprimento. Cada roupa nova com que apareço, cada elogio pra mim que ela entreouve no corredor, me dá a impressão de que ela vai cada vez me ignorar mais, até conseguir não me dirigir nenhuma palavra. Engraçado, porque é uma mulher que se veste bem, mas é tão de mal com a vida que ninguém olha pra ela.

Então, acho que não concordo totalmente com a coluna "Beleza paga" da Denise Gallo, que pode ser lida aqui. Apesar de ser contra essa indústria desenfreada do consumo que quer nos colocar a todas dentro de uma caixa da Barbie, eu acho saudável pra autoestima de qualquer pessoa ter uma roupa bacana, fazer um corte legal no cabelo, gostar de se gostar, enfim. Não acho perda de tempo ir à pedicure e fazer um tratamento de pele, mas acho perigoso querer se transformar na Angelina Jolie quando seu biotipo está mais pra Cláudia Rodrigues. Como tudo na vida, ponderação é a medida.

Em tempo, indico este blog aqui, Vigilantes da Autoestima, uma lição divertida de como se gostar mais.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Oásis

Eu tenho há alguns anos um sonho recorrente, com uma pessoa do passado. Todas as vezes que sonho com ele, porém, é um pouco diferente da vez anterior. Ele sempre adquire alguma característica da pessoa com que estive mais recentemente, acabando por se tornar um homem-amálgama de qualidades de todas as pessoas que já tive na vida. Quer dizer, quanto mais sonhos, mais príncipe encantado ele virava.

Antes eu acordava desses sonhos sentindo angústia pelo fato de saber que eu e esse cara do passado, apesar de meus desejos, nunca teríamos mais uma chance porque... porque não dá. Incompatibilidade total de objetivos, destinos completamente diversos. Hoje de manhã, porém, apesar de melancólica eu não me senti angustiada. E comecei a tentar descobrir a razão do repentino sossego em meu coração.

Entendi que é porque eu não só não o amo no presente, como eu estou aprendendo a deixar o passado efetivamente no passado. Sim, eu tive um ex maravilhoso. Sim, eu ainda sonho com ele. Sim, meu inconsciente o deseja (vá lá, uma parte do meu consciente também, e muito!) mas... se tivéssemos ficado juntos, teríamos sido felizes? Talvez eu tivesse cometido menos erros, talvez tivesse definido mais cedo meus objetivos na vida, mas... teria valido a pena? Não tenho como saber, jamais terei. E estou começando a me conformar com isso.

E então recentemente um outro encontro especial me ensinou que há na vida um tempo e espaço delimitado para cada experiência e, passada a experiência, o que deve sobreviver é a lembrança. Mas não uma lembrança que machuca, que angustia. O que eu tento conservar agora é uma lembrança de verdadeira afeição.

Num terreno tão árido como o dos relacionamentos, eu tive alguns oásis. E procuro me concentrar neles agora. É tão bom mudar de perspectiva e definir as experiências pelo lado bom, e não pelo lado doloroso! Vou continuar praticando!

Just a little affection on this cold and windy road... (Edguy - 'Save Me')

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pequenos (grandes) prazeres relatados por bariátricos

Li essa lista no Twitter do meu cirurgião, foi elaborada por pacientes. Quase todas essas situações já aconteceram comigo, vou comentar as melhores:

1) Saber que a Saúde melhorou e a vida foi ampliada ( a melhor delas, sem dúvida!)

2) Descobrir alguns ossos (eu ADORO meus ossos da bacia! AMO!)

3) Dançar (e dançar junto então, sentindo o parceiro enlaçar sua cintura? Demais!)

4) Sentar no chão, cruzando as pernas.

5) Acompanhar outras pessoas nas caminhadas e, às vezes, até deixá-las para trás.

6) Fazer esportes de novo (ou pela primeira vez, e gostar disso!)

7) Gostar de movimentar-se. Pular da cadeira ao invés de se arrastar.

8) Sentir-se energizado.

9) Apertar o cinto de segurança do avião sem ter que pedir por uma extensão (é fantástico, o cinto sobra!)

10) Ser capaz de andar horas sem ficar "assado" (nem assado nem cansado!)

11) Não se sentir culpado ao se deleitar com uma comidinha diferente.

12) Não ficar pensando em comida (não o tempo todo, pelo menos!)

13) Não ficar apavorado com a reunião de pais-e- mestres .

14) Esquecer de não ter comido nada (acontece direto!!)

15) Ouvir seu marido dizer como você está bem (e seu pai, sua mãe, todos os seus amigos, até o porteiro do bloco do tio do vizinho!)

16) Brincar com as crianças lá fora.

17) Ouvir de um conhecido " eu ouvi você falar e sabia que era sua voz mas eu não reconheci você" (ou então seus amigos míopes não te reconhecerem mais à distância!)

18) Subir um lance de escadas sem ficar se abanando.

19) Ser capaz de entrar e sair de um carro com facilidade.

20) Sair à procura de uma festa (ir à todas as festas, isso é o melhor!)

21) Sair para jantar e pedir somente um tira-gosto (demais isso, pra gente, entrada é prato principal, e sobremesa não existe!)

22) Ter mais auto confiança.

23) Ser capaz de comprar uma calça jeans (e sem lycra, por favor! Hahaha!)

24) Ir a uma loja de roupas e ser bem atendido, ao invés de ser ignorado (o mundo é dos magros, infelizmente, e isso ainda me dá raiva. Não vou a lojas que tratam mal pessoas obesas, mesmo não sendo mais uma).

25) Não ficar com medo de experimentar uma roupa cuja etiqueta diz "tamanho único ".

26) Sentir-se confiante para batalhar um emprego ou enfrentar uma entrevista.

27) Não ter que tomar um monte de remédios todos os dias (isso é relativo, porque a gente passa a tomar um monte de vitaminas e suplementos, mas... tá na boa!)

28) Comprar roupas em qualquer loja.

29) Não ser a pessoa mais pesada na sala.

30) Passar o dia inteiro no parquinho com as crianças sem ter que parar a cada 15 minutos.

31) Ser capaz de cruzar as pernas ao se sentar (isso é bom demais! Tô obcecada pelo movimento, hahaha!).

31) Poder usar as roupas da sua prima ou amiga.

A lista, por mim, seria interminável! Mas eu acho que o resumo disso tudo é: se amar mais. Claro que existe muito desconforto, mas a lista seria incomparavelmente menor. Eu digo e repito a qualquer obeso que conheço: faça. Just do it.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um ano

Michael Jackson morreu há um ano.

Diz a mídia que desde sua morte, a 'marca' Michael Jackson gerou dividendos que superam 1 bilhão de dólares. Isso já é mais do que o alcançado por Elvis e pelos Beatles. Dezenas de 'amigos', associados e até - surpresa! - familiares concentram-se em lançar livros, fotos e outras obras que prometem revelar o "verdadeiro Michael Jackson". Um museu foi inaugurado na Ásia, planeja-se um grande espetáculo do Cirque du Soleil, a gravadora se regozija com canções inéditas, suficientes para pelo menos três álbuns. Visto pela ótica dos cifrões (e um cifrão ambulante era o que ele representava para tantos advogados, acusadores, e um sem número de pessoas sem escrúpulos), Michael está mais vivo do que nunca.


De outro lado, o 'médico monstro' continua à solta, num processo que corre frouxamente, sem muita pressão nem das autoridades, nem da mídia. Os métodos totalmente questionáveis dos médicos todos com quem Michael e outras celebridades, como Brittany Murphy, se tratavam e de quem obtinham drogas também não são mais notícia, e nem sequer geraram uma investigação aprofundada por parte da polícia. Para as autoridades em geral, Michael está morto, fim de caso, voltem para suas casas, não há nada para ver aqui.


Um grupo muito menor (e nesse, me incluo) continua vendo a morte de Michael como um paradoxo. Fisicamente, sim, não contamos mais com sua existência. Mas, e a inspiração, o verdadeiro legado? Essa está cada dia mais presente.


Não vou me alongar sobre tudo o que Michael representou e continuará representando em minha vida, pois já falei disso aqui. Ele foi meu grande amigo, meu primeiro amor, meu conselheiro de juventude e meu fornecedor inconteste de inspiração e sonhos. Mas, recentemente, depois de sua morte, ele me deu mais, ele me deu coragem.


Desde o falecimento de Michael eu sofri uma grande transformação física e emocional, e um dos aspectos mais positivos dessa transformação foi a disposição de buscar maior contato com o que me é caro, com o que eu considero importante. Eu subitamente entendi (e não fácil ter essa compreensão) que a vida é curta, única e que as coisas que temos como certas simplesmente... não o são.


Tenho visto parentes envelhecerem, as crianças crescerem rápido demais, e o mundo girar numa velocidade que eu, pessoa jovem, tenho dificuldade de acompanhar. Tenho visto crueldade e catástrofe, nenhuma fé e gente sem destino certo. Mas agora, em vez de sentar e lamentar, eu ajo. Pelo menos por mim.


Não é exagero algum dizer que Michael, depois de tudo, ainda melhorou minha qualidade de vida. Hoje eu vou a mais lugares, conheço mais pessoas, arrisco mais, e me divirto infinitamente mais em grande parte devido ao fato de que eu sei que o que amo pode não estar mais lá amanhã. Tenho mais disposição e olho mais para o céu do que antes. Na maioria das vezes, não deixo mais as perguntas paradas, no ar: eu as faço. Mesmo que saiba que não vou gostar da resposta. Tenho mais sorrisos e bons-dias do que amuações. Deixo os dois vidros do carro abertos e não me preocupo se o vento vai desarrumar meu cabelo. Canto com a música, alto, e rio no meio do trânsito. Passo mais tempo com meus pais. Pego meus cães no colo e lhes beijo as orelhas. Escrevo aos meus primos que moram longe que os amo.


Depois de doze meses sem a presença física de Michael no mundo eu concluo que ele está bem vivo dentro de mim. E que alegria seu espírito não deve sentir ao constatar que o Rei do Pop fez tanto por seus súditos. Pode ser que nunca tenhamos conhecido o verdadeiro Homem no Espelho, mas seu reflexo continua brilhando sobre todos que entenderam sua mensagem.


Saudades, Michael, e obrigada.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Old habits die hard

Ainda me é muito penoso ser superficial nas minhas relações. Nasci e fui criada para ser cuidadora e desde muito cedo parecia que alguém estava me observando o tempo todo, me cobrando responsabilidade, julgando o que eu faço. Acho que isso dificultou demais minhas relações, eu sempre procuro um papel pra me encaixar: seja de conselheira, mãe substituta, provedora... como é pesado carregar o mundo (dos outros) nas costas!

Domingo, ao sair de onde fui ver o jogo, eu tive mais uma vez aquela vontade de dirigir sem destino até a gasolina acabar, tenho isso de vez em quando. Só queria me sentir livre. Havia tido uma ótima conversa com meus amigos, recebi muito reforço positivo e tenho uma série de motivos para estar orgulhosa de mim mesma, mas ainda assim eu queria algo. Não sei bem o que é esse algo, será paz interna? Depois de tantos anos de turbulência, será que me sinto perdida porque não há mais com quem eu deva me procupar, além de mim mesma? O que me afasta tanto desse olhar interno, será o hábito de estar sempre olhando pra fora?

Certo mesmo é que nunca foi tão grande a necessidade de estar sozinha. Eu já me livrei de de muitas "compulsões", como por exemplo comida e consumo, mas acho que ainda existe em mim resquícios de uma compulsão por afeto que torna a transformação pela qual estou passando um tantinho mais penosa. Realmente, as pessoas não estavam erradas quando me alertaram que a transformação física era o de menos.

De todo modo, acho que estou me saindo bem. Me vislumbro lá na frente, uma mulher inteira e curada, mais forte, mais centrada, com muito mais auto-controle. É essa imagem que me mantém firme nos momentos mais difíceis. Felizmente, é uma imagem minha. Um oásis de pensamento.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

De junho a junho

Foi exatamente ha um ano que cortei os ultimos lacos do relacionamento mais deleterio que ja tive na vida. De la para ca entrei numa espiral ascendente de mudancas e conquistas e, como nao poderia deixar de ser, fui colecionando licoes. Algumas delas eu ja queria ter colocado no "papel" antes e, especialmente agora, que esse blog esta sendo retomado, acho que lista-las seria uma boa pra minha quase-sempre-caotica organizacao interna. Vamos la:

1) Ame seu corpo. Sem tender a radicalismos naturebas ou cair na falacia do narcisismo exacerbado, cuide do que voce come, do tanto que bebe, da forma que se exercita, da qualidade e quantidade do seu sono. Fica bastante dificil controlar tudo isso junto; demanda tempo e - principalmente para as mulheres - um certo investimento, mas vale a pena demais. Eu que nunca fui uma pessoa de boa disposicao fisica, me sinto com 15 anos - e o melhor disso é ter a cabeca de 28 mesmo ;)

2) Passe a 'borracha' em que nao interessa. Cortar lacos de relacionamento afetivo, amizade ou (no meu caso) familiares que sao prejudiciais, nao somente se tornou necessario como quase compulsorio nos ultimos meses. Isso sem contar aquelas criaturas meio 'mosca de padaria' que ficam voejando em torno de voce, sem terem uma relacao definida, e que se aproveitam do que quer que seja de bom - ou ruim, tem gente tarada num sofrimento alheio! - que esteja lhe acontecendo. Como ja escrevi aqui, existe uma diferenca grande entre perdoar e esquecer. Sou absolutamente capaz do primeiro, e nem um pouco disposta para o segundo.

3) Realize seus desejos. Quantas vezes perdi oportunidades realmente legais de viajar, conhecer gente, fazer coisas diferentes, por simples 'moleza'. Nao sei se eu tinha medo do ridiculo (um ridiculo que so eu via!) ou vergonha de mim mesma, mas o fato é que nunca fazia nada muito fora da minha 'zona de conforto'. Agora, a primeira coisa que penso quando quero fazer algo é: "por que nao?". E o mais engracado foi descobrir que, afinal, meus desejos nao sao assim tao absurdos, ou vergonhosos.

4) Exercite a paciencia. No caso, trabalhar onde eu trabalho ja ajuda. Esse emprego tem me moldado ha quatro anos, e um pouco desse aprendizado ja foi incorporado a minha vida pessoal. So que agora estou aprendendo a ter paciencia comigo e a me cobrar menos, a ter menos pressa e pensar menos em resultados la na frente. O longo prazo perdeu um pouco do sentido e, consequentemente, a ansiedade diminuiu.

5) Divirta-se no processo. Acho que essa é a maior licao de todas. Relaciona-se com a diminuicao da ansiedade tambem. Nem tudo precisa ter um fim, um objetivo, um resultado, nem todas as gestalts precisam ser fechadas tipo "amanha-ou-eu-morro". As boas coisas levam tempo para se concretizar e, muitas vezes, é no processo que descobrimos que talvez tenhamos que mudar o plano.

Essas sao as linhas-mestras da minha transformacao. Tenho certeza de que é definitiva, me orgulho dela e acho que a viagem esta apenas comecando.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Welcome (back) To The Jungle!

Só o que não foi publicado é que não foi dito sobre Guns N’ Roses até hoje, de “a banda mais perigosa do mundo” até “cabide de empregos”, nos anos mais recentes. A brincadeira que eu tenho feito por esses dias de Guns no Brasil é que, com oito integrantes, bastaria Axl chamar dois percussionistas e estaria formada uma versão hard rock do Monobloco. :)
Foi com esse espírito, meio brincalhão e absolutamente incrédulo – afinal, estou em Brasília, e a nossa versão para “o dia de São Nunca” era “o dia em que o Guns N’ Roses vier tocar aqui” – que me dirigi ao Ginásio Nilson Nelson, também conhecido como O Vale dos Ecos, pra ver a banda do meu coração, a minha primeira e definitiva ligação com o rock.
Eu confesso que estava ressabiada. Depois de (no meu caso) sete anos esperando pelo lançamento de Chinese Democracy (um bom disco, mas não o melhor) e várias alterações na banda, eu não sabia se encontraria uma banda coesa, com o talento a que eu estava acostumada ou, como disse um não-simpatizante aqui da cidade, “Axl & Funcionários”.
Cheguei ao ginásio por volta das 18h30 e aquilo fervia. Não estamos acostumados a tanta gente junta por uma (boa) causa. As camisetas, bandeiras e bandanas estavam em meninos de dez anos e em homens de cinqüenta. Alguns cambistas anunciavam “compro ingresso”; tive que rir: que fã em sã consciência, a menos que estivesse, sei lá, com a mãe morrendo, venderia o seu?
Infelizmente – muito! – eu estava na pista comum. O ginásio é relativamente pequeno, e eu achei que minha visão não seria assim tãããão prejudicada. Mal eu sabia que ficaria de tal modo eufórica, que desejaria mais tarde ter visto o show pendurada na barra da calça de Axl – que ele reclamou o tempo todo que estava caindo, talvez por força do meu pensamento!
Às 20h30, numa pontualidade surpreendente, entrou a “pré-abertura”, uma banda local de metal progressivo chamada Khallice. Vou me abster de maiores comentários mas, para que se tenha uma idéia, na terceira música já se comentava que a banda poderia trocar de nome e se chamar Cale-se. Daí vocês tiram.
Por volta de 21h15, Sebastian Bach deu o ar de sua (muita) graça. Com as pernas longuíssimas dentro de calças de couro (hhmmmmm!!) e o cabelo louro esvoaçante, cumprimentou o público e disparou a falar em português entre as músicas. De “boa noite, Brasília!” a “Hoje Brasília vai ser a capital do rock n’ roll !!!”, o empolgado e simpaticíssimo Bach lembrou um pouco o Axl do RIR3, tamanho o fuzuê que fez com a platéia. Em termos musicais, não sei o que ele fez para conservar a mesma voz de 20 anos atrás, mas, seja o que for, se fosse ele, eu engarrafava o segredo e vendia, porque dá certo!
Eu conheço muito pouco de seu repertório novo – e ele hoje canta bem mais heavy metal do que no passado – então só “tirei o pé do chão”, como ele mesmo pediu, nas clássicas 18 And A Life, Monkey Business e na suprema e inigualável I Remember You; na qual não só tirei o corpo todo do chão como quase o esvaziei de alma também, de tanto que chorei ao ouvir uma das músicas que mais gosto na vida executada ao vivo, pelo artista original, e com uma perfeição embasbacante.
Depois do show do Bach eu sabia que a espera seria longa. Eu não contava era com o arrastão – sim, lembram da moda no RJ, de roubos disparados na multidão? – pois é, ele mesmo. Acabei sendo “levada” para ainda mais longe do palco. Felizmente, não me machuquei nem fui roubada.
Depois de um senta (no chão) - e - levanta de quase duas horas, de uma parte do público vaiar (não entendi, ninguém conhece os atrasos do Axl não?) , do cansaço se apossar do meu corpo e de observar o surgimento “mágico” (de onde saiu aquele palco monstro?) das toneladas de equipamentos, finalmente Chinese Democracy World Tour começou em Brasília, mais ou menos às 00h15.
A primeira figura que se vê é Ashba, sua sombra contra um fundo amarelo. O cenário é maravilhoso, uma produção que me surpreendeu. Acima do palco de dois níveis, bateria no centro, há três telões e quatro colunas de laser onde brilham caracteres chineses, jogos de luz e clipes que se revezam e se fundem; além de colunas de fogos, fogos de artifício, explosões, tudo ressoando numa altura e num alcance que a mera visão dos reflexos coloridos fazia o público todo ficar espantado feito criança. O teto se ilumina de vários tons. Diante da grandiosidade, meu olhos se encheram de lágrimas só por estar ali; toda a produção parecia uma gigante festa surpresa.
Chinese Democracy é a primeira música. Olhando em volta, percebi espantada que praticamente só eu sabia a letra. Acho uma das melhores do disco, então cantei como se o show fosse acabar ali. Mas, como eu escrevi anos atrás, nada se compara com a sensação de fim do mundo, de maravilhoso caos, de bomba atômica que é Welcome To The Jungle. Quando eu ouvi aquela voz rouca e metálica berrar “Do you know where the fuck you aaaaaare??” eu posso ter me elevado uns dois metros do chão, pelo pulo que dei. Não podia acreditar que eu estava ali. Não eu. Não depois desses anos todos. Não podia ser Axl Rose. Mais uma vez, chorei (enquanto pulava!).
Em It’s So Easy, DJAshba já começava a mostrar a que veio, e também sua boa interação com Axl, que até esta altura não foi reconhecido pelos meus olhos como estando, de fato, ali. Parecia um boneco que canta, como assim ele veio na minha cidade? As pessoas podem falar o que quiserem de Axl Rose, provavelmente com razão, mas ele é como carne vermelha: todo mundo critica, mas se aparecer na sua frente, você quer roer até o osso. O ginásio delirava com a mera visão do cara, poucos artistas promovem a histeria que ele causa só por estarem presentes. Alguém jogou uma bandeira do Brasil, Axl a pegou, rodou, pôs no ombro. O público baba e se esgoela.
Então ele fez famosa dancinha em Mr. Brownstone. Não me lembro se foi nessa hora, mas alguém da platéia VIP lhe jogou um baseado. Axl pegou, pôs na boca, sentiu o gosto e disse: “Huuummm, thanks, man!”. Risadas gerais, foi a primeira vez que ele interagiu “de verdade” com a platéia.
Em seguida, uma interpretação estranha de Sorry, mais falada do que cantada. Mais tarde, os jornalistas presentes – descobri que a imprensa não manda repórteres pra esses shows, manda odiadores, deve ser pra punir os maus funcionários! – dirão que Axl estava “sem voz” (uma crítica velha, aliás, porque não escrevem que ele está barrigudinho? Pelo menos isso é verdade!). Há opiniões divergentes entre o público. A platéia VIP conseguia ouvir Axl respirar. Na pista, de fato, os graves estavam saindo prejudicados. Na arquibancada, os efeitos sonoros saíam tão altos que muita gente declarou não tê-lo ouvido em boa parte das músicas. Considerando que a acústica do ginásio, apesar do bom equipamento, é uma bosta, não se pode chegar a uma unanimidade. Minha opinião é que, ao contrário de Sebastian Bach, Axl não preservou em todos os aspectos a voz do “antigo” Guns N’ Roses, e não há nada de surpreendente nisso. Um homem tem 48 anos e bebeu, fumou e usou quase todo tipo de substância lícita e ilícita conhecidas, além de ter tido um bom hiato de anos sem cantar com freqüência, Axl está como se esperaria de alguém que levou a vida como ele. Porém seus agudos, drives e modulações de voz estão absolutamente preservados: disso, ninguém pode dizer o contrário. Bach, de fato, é um fenômeno, porque viveu quase do mesmo jeito e teve a voz preservada.
Praticamente sozinha, de novo, me animei com Better, que também acho muito boa. Em seguida, Fortus entra pro solo e... como ele é glam, não? A cara do Joe Perry do Aerosmith, alguém precisa dizer isso pra ele! :) Live And Let Die é acompanhada de muitas explosões, e meu corpo felizmente ainda agüenta pular. O de Axl agüenta correr de um lado pro outro, várias e várias vezes. Barrigudo, mas em forma! :)
A performance de If The World me soou meio desafinada, mas os instrumentos estão perfeitos. É uma música muito gostosa, adoro a linha do baixo. Por falar em baixo, Tommy Stinson traz a mesma competência e menos lápis de olho do que usou no RIR3. :) Também vai muito bem nos vocais, mas achei-o mais contido no palco do que quando ele havia recém-começado na banda.
Foi tão bom ouvir Rocket Queen ao vivo! Tem gosto de adolescência, minha fase inicial de fã. Nos telões, um desfile de mulheres de silhueta atraente. Então, Dizzy ao piano, um solo lindo, emendado com o início de Street Of Dreams, de novo uma do meu coração. Pra quê eu fui parar de pular? Agora, o cansaço bateu mesmo. De certa forma é bom, me recupero encostada na mureta da mesa de som, cantando – sozinha – aquela letra inspirada.
Eu, particularmente, não gosto muito de Scraped. Tudo bem que é animadinha e tal, mas, fora o refrão, nunca me liguei muito nela. Aproveitei pra olhar o ginásio, repleto. Como já diziam: “sonho que se sonha junto é realidade”, então nesse momento eu fui me dar conta que havia outras milhares pessoas ali, e que pelo menos a maior parte delas devia estar se sentido realizada. Ri bobamente, sozinha, e pensei: “cara(lho!), como estou feliz!”
Nessas divagações, quase perdi o início do solo do lindo, maravilhoso, vitaminado, salve, salve DJAshba. Ashba é um caso à parte no Guns. Seu carisma, animação, a forma como interage com o público, são só a cereja no enorme bolo de talento que ele tem. Com perdão dos saudosistas, se eu não estivesse olhando, acharia que Slash estava escondido em algum lugar no palco. Ashba é perfeito, e é melhor que Buckethead. Se é verdade que essa banda é “Axl & Funcionários”, pelo menos Axl sabe contratar os caras certos. Ashba não pára! Pede palmas, deixa o público agarrá-lo, joga palheta, chapéu, garrafas d’água (chegou mesmo a buscar água pra quem pediu!), conversa com o público, se joga na galera – literalmente, ele deu o jump de costas! Em termos de simpatia e espontaneidade, ele é tudo o que Axl não é. Minha impressão era que a gente ia sair de lá dando carona pra ele até o hotel. ;)
Quando Axl sentou ao piano, instalou-se uma atmosfera elétrica no ginásio, e todos sabiam o que viria a seguir. De surpresa, então, a banda mandou um mini-cover de The Wall, do Pink Floyd, com Axl nos vocais, acompanhado em coro frenético pela platéia. Eu descobri a Grande Contemplação quando percebi que era inútil tentar cantar algumas músicas. Eu estava tão emocionada, tão emocionada, mas tããããão emocionada, que minha vida parecia ter se esvaído pelo pé. Eu balbuciava as palavras e, escorada na muretinha amiga, esperava que Deus me levasse, porque eu estava pronta. Eu tinha ouvido Sweet Child O’ Mine (execução perfeita!!!) e November Rain ao vivo. Sweet Child O’ Mine ultrapassou a categoria de música e alcançou a de hino, e nessa hora Ashba mostra porque foi tantas vezes eleito o melhor guitarrista do mundo. Em November Rain, Axl está ao piano branco, cai uma chuva de fogos de artifício, e rola a clássica “paradinha” antes do final. Creio que descobri ali o sentido da vida. :)
Eu estava muito cansada – ou muito em êxtase – pra pular em You Could Be Mine (que Axl ironicamente anunciou como “uma música de amor”), mas não para reconhecer que Frank Ferrer é um puta baterista – e era nessa música mesmo que ele tinha que mostrar serviço. O solo de Bumblefoot, meu guitarrista mais querido da banda, é o tema da Pantera Cor-de-Rosa. O público adora, o cara é mesmo divertido!
Quando Axl entrou, de chapéu branco, pra cantar Knockin’ On Heaven’s Door, o amigo que estava comigo disse, falando sério: “Que susto! Pensei que fosse o Geraldo Azevedo!”. Aí acabou a música pra mim, porque era eu olhar pro Axl e disparar numa crise de riso. Arruinou a beleza do momento! :D
Taí, eu não gosto mesmo de Slacker’s Revenge. Acho um som muito “sujo” pros padrões do Guns. Passo por ela sem comentar. Patience também me desagradou, o Ashba fez umas mudanças no arranjo, e pra mim a música deveria ser imutável.
Fiquei surpresa ao ouvir Nightrain, pensei que seria My Michelle. Gosto demais de Nightrain, e ali dei a pulada final que meu corpo agüentava. Encerramento. Obrigado e boa noite. Claro que quase ninguém arredou pé, e logo Axl estava de volta com Madagascar, pra mim a pérola de Chinese Democracy. Que arranjos, que letra! Ela é a Estranged dos dias de hoje.
Quando vi que o final estava chegando, desesperei. Deu vontade de sair correndo e pular em todo mundo. Me juntei a alguns amigos mais na frente e pulei louca e alucinadamente em Paradise City. Tive não sei saída de onde a energia do início do show. Chorei de novo. Mais uma vez, o mundo acabando. A platéia VIP então desenrolou a bandeira de 5 metros de comprimento que fizeram em homenagem a banda, e que cobria todos os fãs daquela área. Axl, espantado, parou de cantar um momento e mandou um “Holy Shit!” engraçadíssimo. Ele sorriu e chamou Ashba. Todos os músicos ficaram sorrindo, bobos. Enquanto a bandeira terminava de se desdobrar, caiu a chuva de papel picado. Parecia uma cena final de filme. Meio engasgado, Axl agradeceu, disse que demorou muito pra voltar ao Brasil. Era visível que ele estava emocionado, mas estava segurando a onda. Disse, então, mega-irônico, que se desculpava por ter nos mantido a nós, “crianças”, acordadas até tão tarde. “Sei que vocês têm um grande dia na escola amanhã!”. Ah, Axl, Axl...