quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um ano

Michael Jackson morreu há um ano.

Diz a mídia que desde sua morte, a 'marca' Michael Jackson gerou dividendos que superam 1 bilhão de dólares. Isso já é mais do que o alcançado por Elvis e pelos Beatles. Dezenas de 'amigos', associados e até - surpresa! - familiares concentram-se em lançar livros, fotos e outras obras que prometem revelar o "verdadeiro Michael Jackson". Um museu foi inaugurado na Ásia, planeja-se um grande espetáculo do Cirque du Soleil, a gravadora se regozija com canções inéditas, suficientes para pelo menos três álbuns. Visto pela ótica dos cifrões (e um cifrão ambulante era o que ele representava para tantos advogados, acusadores, e um sem número de pessoas sem escrúpulos), Michael está mais vivo do que nunca.


De outro lado, o 'médico monstro' continua à solta, num processo que corre frouxamente, sem muita pressão nem das autoridades, nem da mídia. Os métodos totalmente questionáveis dos médicos todos com quem Michael e outras celebridades, como Brittany Murphy, se tratavam e de quem obtinham drogas também não são mais notícia, e nem sequer geraram uma investigação aprofundada por parte da polícia. Para as autoridades em geral, Michael está morto, fim de caso, voltem para suas casas, não há nada para ver aqui.


Um grupo muito menor (e nesse, me incluo) continua vendo a morte de Michael como um paradoxo. Fisicamente, sim, não contamos mais com sua existência. Mas, e a inspiração, o verdadeiro legado? Essa está cada dia mais presente.


Não vou me alongar sobre tudo o que Michael representou e continuará representando em minha vida, pois já falei disso aqui. Ele foi meu grande amigo, meu primeiro amor, meu conselheiro de juventude e meu fornecedor inconteste de inspiração e sonhos. Mas, recentemente, depois de sua morte, ele me deu mais, ele me deu coragem.


Desde o falecimento de Michael eu sofri uma grande transformação física e emocional, e um dos aspectos mais positivos dessa transformação foi a disposição de buscar maior contato com o que me é caro, com o que eu considero importante. Eu subitamente entendi (e não fácil ter essa compreensão) que a vida é curta, única e que as coisas que temos como certas simplesmente... não o são.


Tenho visto parentes envelhecerem, as crianças crescerem rápido demais, e o mundo girar numa velocidade que eu, pessoa jovem, tenho dificuldade de acompanhar. Tenho visto crueldade e catástrofe, nenhuma fé e gente sem destino certo. Mas agora, em vez de sentar e lamentar, eu ajo. Pelo menos por mim.


Não é exagero algum dizer que Michael, depois de tudo, ainda melhorou minha qualidade de vida. Hoje eu vou a mais lugares, conheço mais pessoas, arrisco mais, e me divirto infinitamente mais em grande parte devido ao fato de que eu sei que o que amo pode não estar mais lá amanhã. Tenho mais disposição e olho mais para o céu do que antes. Na maioria das vezes, não deixo mais as perguntas paradas, no ar: eu as faço. Mesmo que saiba que não vou gostar da resposta. Tenho mais sorrisos e bons-dias do que amuações. Deixo os dois vidros do carro abertos e não me preocupo se o vento vai desarrumar meu cabelo. Canto com a música, alto, e rio no meio do trânsito. Passo mais tempo com meus pais. Pego meus cães no colo e lhes beijo as orelhas. Escrevo aos meus primos que moram longe que os amo.


Depois de doze meses sem a presença física de Michael no mundo eu concluo que ele está bem vivo dentro de mim. E que alegria seu espírito não deve sentir ao constatar que o Rei do Pop fez tanto por seus súditos. Pode ser que nunca tenhamos conhecido o verdadeiro Homem no Espelho, mas seu reflexo continua brilhando sobre todos que entenderam sua mensagem.


Saudades, Michael, e obrigada.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Old habits die hard

Ainda me é muito penoso ser superficial nas minhas relações. Nasci e fui criada para ser cuidadora e desde muito cedo parecia que alguém estava me observando o tempo todo, me cobrando responsabilidade, julgando o que eu faço. Acho que isso dificultou demais minhas relações, eu sempre procuro um papel pra me encaixar: seja de conselheira, mãe substituta, provedora... como é pesado carregar o mundo (dos outros) nas costas!

Domingo, ao sair de onde fui ver o jogo, eu tive mais uma vez aquela vontade de dirigir sem destino até a gasolina acabar, tenho isso de vez em quando. Só queria me sentir livre. Havia tido uma ótima conversa com meus amigos, recebi muito reforço positivo e tenho uma série de motivos para estar orgulhosa de mim mesma, mas ainda assim eu queria algo. Não sei bem o que é esse algo, será paz interna? Depois de tantos anos de turbulência, será que me sinto perdida porque não há mais com quem eu deva me procupar, além de mim mesma? O que me afasta tanto desse olhar interno, será o hábito de estar sempre olhando pra fora?

Certo mesmo é que nunca foi tão grande a necessidade de estar sozinha. Eu já me livrei de de muitas "compulsões", como por exemplo comida e consumo, mas acho que ainda existe em mim resquícios de uma compulsão por afeto que torna a transformação pela qual estou passando um tantinho mais penosa. Realmente, as pessoas não estavam erradas quando me alertaram que a transformação física era o de menos.

De todo modo, acho que estou me saindo bem. Me vislumbro lá na frente, uma mulher inteira e curada, mais forte, mais centrada, com muito mais auto-controle. É essa imagem que me mantém firme nos momentos mais difíceis. Felizmente, é uma imagem minha. Um oásis de pensamento.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

De junho a junho

Foi exatamente ha um ano que cortei os ultimos lacos do relacionamento mais deleterio que ja tive na vida. De la para ca entrei numa espiral ascendente de mudancas e conquistas e, como nao poderia deixar de ser, fui colecionando licoes. Algumas delas eu ja queria ter colocado no "papel" antes e, especialmente agora, que esse blog esta sendo retomado, acho que lista-las seria uma boa pra minha quase-sempre-caotica organizacao interna. Vamos la:

1) Ame seu corpo. Sem tender a radicalismos naturebas ou cair na falacia do narcisismo exacerbado, cuide do que voce come, do tanto que bebe, da forma que se exercita, da qualidade e quantidade do seu sono. Fica bastante dificil controlar tudo isso junto; demanda tempo e - principalmente para as mulheres - um certo investimento, mas vale a pena demais. Eu que nunca fui uma pessoa de boa disposicao fisica, me sinto com 15 anos - e o melhor disso é ter a cabeca de 28 mesmo ;)

2) Passe a 'borracha' em que nao interessa. Cortar lacos de relacionamento afetivo, amizade ou (no meu caso) familiares que sao prejudiciais, nao somente se tornou necessario como quase compulsorio nos ultimos meses. Isso sem contar aquelas criaturas meio 'mosca de padaria' que ficam voejando em torno de voce, sem terem uma relacao definida, e que se aproveitam do que quer que seja de bom - ou ruim, tem gente tarada num sofrimento alheio! - que esteja lhe acontecendo. Como ja escrevi aqui, existe uma diferenca grande entre perdoar e esquecer. Sou absolutamente capaz do primeiro, e nem um pouco disposta para o segundo.

3) Realize seus desejos. Quantas vezes perdi oportunidades realmente legais de viajar, conhecer gente, fazer coisas diferentes, por simples 'moleza'. Nao sei se eu tinha medo do ridiculo (um ridiculo que so eu via!) ou vergonha de mim mesma, mas o fato é que nunca fazia nada muito fora da minha 'zona de conforto'. Agora, a primeira coisa que penso quando quero fazer algo é: "por que nao?". E o mais engracado foi descobrir que, afinal, meus desejos nao sao assim tao absurdos, ou vergonhosos.

4) Exercite a paciencia. No caso, trabalhar onde eu trabalho ja ajuda. Esse emprego tem me moldado ha quatro anos, e um pouco desse aprendizado ja foi incorporado a minha vida pessoal. So que agora estou aprendendo a ter paciencia comigo e a me cobrar menos, a ter menos pressa e pensar menos em resultados la na frente. O longo prazo perdeu um pouco do sentido e, consequentemente, a ansiedade diminuiu.

5) Divirta-se no processo. Acho que essa é a maior licao de todas. Relaciona-se com a diminuicao da ansiedade tambem. Nem tudo precisa ter um fim, um objetivo, um resultado, nem todas as gestalts precisam ser fechadas tipo "amanha-ou-eu-morro". As boas coisas levam tempo para se concretizar e, muitas vezes, é no processo que descobrimos que talvez tenhamos que mudar o plano.

Essas sao as linhas-mestras da minha transformacao. Tenho certeza de que é definitiva, me orgulho dela e acho que a viagem esta apenas comecando.