terça-feira, 27 de julho de 2010

Beleza, poder e inveja


Não se assutem com o título, não estou escrevendo uma novela pro SBT. Só queria refletir um pouco sobre a mudança de atitude (principalmente dos outros em relação a mim) desde que inaugurei essa faceta, ser bonita.

Qualquer amigo(a) que ler isso pode até protestar que eu era bonita antes, mas não é verdade. Talvez tenha sido, na adolescência, mas minha insegurança era muita para que eu reconhecesse minha beleza, e fizesse proveito dela. Agora, é diferente. Não só me considero bonita, como faço parte daquele grupo (pouco popular) de pessoas que são bonitas e sabem disso. Melhor. Faço parte de um grupo de pessoas que são bonitas e sentem isso.

O mais interessante quando você se torna uma pessoa bonita sem antes ter sido é, sem dúvida, a mudança de atitude das pessoas que te conhecem. Eu não estou falando de um vizinho tarado que me espie de binóculo, mas de gente como a minha mãe. Minha mãe mudou em relação a mim; ela percebe minha autoestima aumentada, o fato de eu me vestir melhor e parecer mais bonita como uma vitória própria, com emoção. Ela me ama e quer me ver feliz, sem dúvida, mas minha mudança é como se fosse a mudança dela. Ela perigosamente se projeta e realiza em mim.

Por outro lado, há os que me vêem de maneira bem negativa, como uma ameaça. Há uma mulher no meu trabalho, com quem antes eu conversava com certa camaradagem - não demais, também, porque é uma pessoa muito fechada e arredia - que agora não vira nem a cabeça pra me olhar quando a cumprimento. Cada roupa nova com que apareço, cada elogio pra mim que ela entreouve no corredor, me dá a impressão de que ela vai cada vez me ignorar mais, até conseguir não me dirigir nenhuma palavra. Engraçado, porque é uma mulher que se veste bem, mas é tão de mal com a vida que ninguém olha pra ela.

Então, acho que não concordo totalmente com a coluna "Beleza paga" da Denise Gallo, que pode ser lida aqui. Apesar de ser contra essa indústria desenfreada do consumo que quer nos colocar a todas dentro de uma caixa da Barbie, eu acho saudável pra autoestima de qualquer pessoa ter uma roupa bacana, fazer um corte legal no cabelo, gostar de se gostar, enfim. Não acho perda de tempo ir à pedicure e fazer um tratamento de pele, mas acho perigoso querer se transformar na Angelina Jolie quando seu biotipo está mais pra Cláudia Rodrigues. Como tudo na vida, ponderação é a medida.

Em tempo, indico este blog aqui, Vigilantes da Autoestima, uma lição divertida de como se gostar mais.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Oásis

Eu tenho há alguns anos um sonho recorrente, com uma pessoa do passado. Todas as vezes que sonho com ele, porém, é um pouco diferente da vez anterior. Ele sempre adquire alguma característica da pessoa com que estive mais recentemente, acabando por se tornar um homem-amálgama de qualidades de todas as pessoas que já tive na vida. Quer dizer, quanto mais sonhos, mais príncipe encantado ele virava.

Antes eu acordava desses sonhos sentindo angústia pelo fato de saber que eu e esse cara do passado, apesar de meus desejos, nunca teríamos mais uma chance porque... porque não dá. Incompatibilidade total de objetivos, destinos completamente diversos. Hoje de manhã, porém, apesar de melancólica eu não me senti angustiada. E comecei a tentar descobrir a razão do repentino sossego em meu coração.

Entendi que é porque eu não só não o amo no presente, como eu estou aprendendo a deixar o passado efetivamente no passado. Sim, eu tive um ex maravilhoso. Sim, eu ainda sonho com ele. Sim, meu inconsciente o deseja (vá lá, uma parte do meu consciente também, e muito!) mas... se tivéssemos ficado juntos, teríamos sido felizes? Talvez eu tivesse cometido menos erros, talvez tivesse definido mais cedo meus objetivos na vida, mas... teria valido a pena? Não tenho como saber, jamais terei. E estou começando a me conformar com isso.

E então recentemente um outro encontro especial me ensinou que há na vida um tempo e espaço delimitado para cada experiência e, passada a experiência, o que deve sobreviver é a lembrança. Mas não uma lembrança que machuca, que angustia. O que eu tento conservar agora é uma lembrança de verdadeira afeição.

Num terreno tão árido como o dos relacionamentos, eu tive alguns oásis. E procuro me concentrar neles agora. É tão bom mudar de perspectiva e definir as experiências pelo lado bom, e não pelo lado doloroso! Vou continuar praticando!

Just a little affection on this cold and windy road... (Edguy - 'Save Me')

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pequenos (grandes) prazeres relatados por bariátricos

Li essa lista no Twitter do meu cirurgião, foi elaborada por pacientes. Quase todas essas situações já aconteceram comigo, vou comentar as melhores:

1) Saber que a Saúde melhorou e a vida foi ampliada ( a melhor delas, sem dúvida!)

2) Descobrir alguns ossos (eu ADORO meus ossos da bacia! AMO!)

3) Dançar (e dançar junto então, sentindo o parceiro enlaçar sua cintura? Demais!)

4) Sentar no chão, cruzando as pernas.

5) Acompanhar outras pessoas nas caminhadas e, às vezes, até deixá-las para trás.

6) Fazer esportes de novo (ou pela primeira vez, e gostar disso!)

7) Gostar de movimentar-se. Pular da cadeira ao invés de se arrastar.

8) Sentir-se energizado.

9) Apertar o cinto de segurança do avião sem ter que pedir por uma extensão (é fantástico, o cinto sobra!)

10) Ser capaz de andar horas sem ficar "assado" (nem assado nem cansado!)

11) Não se sentir culpado ao se deleitar com uma comidinha diferente.

12) Não ficar pensando em comida (não o tempo todo, pelo menos!)

13) Não ficar apavorado com a reunião de pais-e- mestres .

14) Esquecer de não ter comido nada (acontece direto!!)

15) Ouvir seu marido dizer como você está bem (e seu pai, sua mãe, todos os seus amigos, até o porteiro do bloco do tio do vizinho!)

16) Brincar com as crianças lá fora.

17) Ouvir de um conhecido " eu ouvi você falar e sabia que era sua voz mas eu não reconheci você" (ou então seus amigos míopes não te reconhecerem mais à distância!)

18) Subir um lance de escadas sem ficar se abanando.

19) Ser capaz de entrar e sair de um carro com facilidade.

20) Sair à procura de uma festa (ir à todas as festas, isso é o melhor!)

21) Sair para jantar e pedir somente um tira-gosto (demais isso, pra gente, entrada é prato principal, e sobremesa não existe!)

22) Ter mais auto confiança.

23) Ser capaz de comprar uma calça jeans (e sem lycra, por favor! Hahaha!)

24) Ir a uma loja de roupas e ser bem atendido, ao invés de ser ignorado (o mundo é dos magros, infelizmente, e isso ainda me dá raiva. Não vou a lojas que tratam mal pessoas obesas, mesmo não sendo mais uma).

25) Não ficar com medo de experimentar uma roupa cuja etiqueta diz "tamanho único ".

26) Sentir-se confiante para batalhar um emprego ou enfrentar uma entrevista.

27) Não ter que tomar um monte de remédios todos os dias (isso é relativo, porque a gente passa a tomar um monte de vitaminas e suplementos, mas... tá na boa!)

28) Comprar roupas em qualquer loja.

29) Não ser a pessoa mais pesada na sala.

30) Passar o dia inteiro no parquinho com as crianças sem ter que parar a cada 15 minutos.

31) Ser capaz de cruzar as pernas ao se sentar (isso é bom demais! Tô obcecada pelo movimento, hahaha!).

31) Poder usar as roupas da sua prima ou amiga.

A lista, por mim, seria interminável! Mas eu acho que o resumo disso tudo é: se amar mais. Claro que existe muito desconforto, mas a lista seria incomparavelmente menor. Eu digo e repito a qualquer obeso que conheço: faça. Just do it.