segunda-feira, 21 de março de 2011

Nação musical

Então que eu nunca fui normal. Desde pequenininha eu sempre achei que tinha alguma coisa errada com meu cérebro. Talvez, não errada, mas ...sobrando. Assim...eu falei aos seis meses de idade. Aos cinco anos, a "tia" da escola forçou minha mãe a me pular uma série e fui levada à alfabetização. Aos sete, escrevi meu primeiro poema. Aos treze eu falava mais e melhor inglês do que meu professor dessa disciplina. Enfim...freak show total.

Não é de se admirar que eu era, por assim dizer, uma das garotas menos populares na escola. E isso foi piorando na adolescência, quando eu sentia que aquela onda de funk não era comigo. Quando eu passava meus fins de semana escrevendo cartas para amigas distantes que gostavam de Michael Jackson (ninguém sabe o que é ser um outsider até ter gostado de MJ em plena era das primeiras invencionices de abuso de criancinhas). Eu NUNCA fui a uma boate antes de aprender a dirigir. Eu era estranha hardcore.

Eu achei que o lance de ser estranha melhoraria na faculdade. Bom, de fato, lá eu fiz um grande número de amigos. Mas isso muito tinha a ver com a excelente qualidade da minha massa encefálica e todas as possibilidade que ela tinha de elevar as notas dos trabalhos grupais em muitos pontos. Não que eu só tivesse amigos interesseiros, longe disso. Tenho pessoas na minha vida daquela época que são pra valer mesmo. Mas é claro que o fator CDF contava, na hora de fazerem a lista pra festinha.

Em todo esse tempo de estranheza e, bem, solidão, só um elemento nunca deixou de estar presente na minha vida: MÚSICA. Música e mais do que isso: músicos. E a minha capacidade de me apegar a essas pessoas como se elas fossem os amigos, amigas e namorados que eu não tive. Toda uma vida social que eu só conheci quase adulta me era representada pelas bandas e cantores que eu admirava, e admiro até hoje.

Não vou, de novo, falar muito do Michael Jackson aqui como sendo basicamente minha prancha de salvação da adolescência. Mas ele não estava sozinho: Guns N' Roses, Backstreet Boys, Roxette, U2, Bon Jovi, Cyndi Lauper, George Michael, Placebo, The Corrs, Frente!, The Kelly Family, Travis e (até) Madonna. E também Legião, Paralamas, Capital Inicial, Kid Abelha, Biquíni Cavadão. Artistas que gosto até hoje. Gosto? Leia-se amo.

Mais o mais legal que esse pessoal todo me trouxe foi a certeza de não estar sozinha. Curtindo os artistas citados (e outros, a lista é quase infinita) eu acabei conhecendo pessoas que hoje estão entre as maiores alegrias da minha vida. Fazendo um bom apanhado, eu diria que mais de 80% dos amigos que tenho hoje chegaram em mim através da música. E não estou só falando de vocês que eu encho no Twitter e Facebook o dia todo não. O que quebrou o gelo entre eu e o melhor amigo (homem) que tenho foi um show do Pepeu Gomes (antes de rir, vá conhecer e ver o tanto que o cara toca - e canta!). Eu e minha amiga mais antiga (mais de 20 anos de amizade) somos doentes por Michael. Outra amiga, de muitos anos, me apresentou todas as maravilhas do rock britânico. Um amigo que eu só fui conhecer pessoalmente ano passado (mas havia "apenas" 9 anos que nos falávamos pela internet) foi o primeiro fã de Guns que conheci, e a primeira amizade online que reconheço ter tido.

E então desde o ano passado vocês têm enchido (mais) a minha vida. Literalmente, enchido. Mas não no sentido de "supitar" e ultrapassar limites. Vocês me enchem de alegria, de risos, de músicas, de piadas, de sonhos. Vocês me ajudam a me aliviar as tensões com as conversas, os "surtos", as bobagens e os planos. Marcamos viagens, nos encontramos quando podemos e, quando não podemos, enchemos essas redes sociais do que elas precisam mesmo, que é amizade. Esse texto é, então, um agradecimento.

Eu não vou citar nomes, mas vou por cidades: você aí de Encruzilhada do Sul que me manda tantos presentes pelo correio, sem nunca ter me visto. Você de Santa Maria, que é praticamente uma gêmea de tão parecida comigo. Você de São Paulo, que quando me vê, fala pouco, mas de alguma forma me faz me sentir querida. Vocês de Manaus, tão doces, engraçadas e criativas. Você de Belo Horizonte, que é uma versão mais poetizada de mim mesma. Você de Salvador, por quem eu tenho tanto carinho. Você de Araraquara, que gosta de rir das minhas bobagens. Você de Porto Alegre, que eu tive pouco tempo pra conversar e queria ver de novo. Você de Capanema, sempre me elogiando e me fazendo me sentir bem! E vocês de Brasília, também, que ainda bem que existem, ou eu permaneceria perdida.

Hoje eu não sou uma pessoa solitária - pelo contrário, tenho dificuldade de dar conta da minha agenda social, na boa! - mas isso muito se deve ao fato de vocês todos aceitarem a minha amzade e enriquecerem a minha vida. Se hoje eu acho que - finalmente - achei meu lugar, é por causa da imensa nação musical que me abrigou. Meus amigos e amigas. Amo vocês.

7 comentários:

  1. OOOOOOOOOOUUUUUUUUNNNNNNNNN!!!!!!!!!
    Sabe que é estranho. Fazer amizades à distância e passar anos conversando com essas pessoas... elas acabam se tornando tão próximas. E quando a amizade nasce por meio da música, ou melhor, do gosto musical em comum? Acabamos descobrindo outras coisas em comum..

    Muito estranho isso!

    Mas sabe que reconheci um pouco de mim nesse post? Adolescente, eu era a única que sabia WTF era Iron Maiden e conhecia outras músicas do Guns além de Sweet Child. Sem contar que era nerd até na cera de ouvido (oi?). As amizades fortes mesmo demoraram um pouquinho pra surgir. Mas continuam até hoje. Acho que a nossa estranheza demanda um esforço de tolerância das pessoas!! haha Às vezes, só a idade traz isso. ou vai ver que estou viajando demais (novidade...).

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  2. Sabrinão, que lindo! Me identifiquei 100% com o fato de se sentir deslocada e ser mais requisitada pelo quesito CDF! Sempre foi assim.
    Também tenho um imenso carinho por ti e por todos que fazer parte dessa minha vida social online!

    AMEI! Amo música...ela me faz viva e feliz! Encontrar pessoas assim como eu, me fazem sentir mais normal!

    Bjux

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  3. Sabrina,que post mais lindo! Me emociono de verdade com essas coisas.Até hoje me deparo com pessoas que só querem minha amizade pelo fato da facilidade em que eu tenho de ganhar nota,foi assim no colegial.Não que eu não tenho amigos na faculdade,tenho sim,mas muito só na base do interesse também.
    Mas,mesmo eu não conhecendo você e as meninas,tenho um carinho muito grande,e nós nos entendemos né ? Hehehe

    Beijos,amei o post!

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  4. Sabrina,
    Legal ver como a musica e a internet pode unir as pessoas e torná-las mais feliz ... que bom q voce encontrou o seu caminho ... A internet também me proporcionou conhecer pessoas muito legais e um mundo que eu julgava inexistente. bjs

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  5. Eu acho que sou uma das poucas aqui que não faz parte dessa lista de amigas unidas pela música. Mas o que é engraçado é que, apesar de termos 10 anos de diferença, seus gostos musicais são bem parecidos com os meus. Tirando Placebo, The Corrs, Frente!, The Kelly Family, Travis que eu de fato não conheço, todos os outros, inclusive os nacionais fazem parte da minha listinha de ++. A música assim como o esporte é capaz de unir nações que se odeiam, imagina o que ela é capaz de fazer com amigas que se amam...

    bjks

    Cuxa

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  6. Temos histórias parecidas, acho que muitos de nós...
    CDFs com bom gosto musical.
    Quando o poeta disse que música alimentava a alma ele estava muito certo.
    Bjs,

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  7. Wow look at you now
    Flowers in the window
    It's such a lovely day
    And I'M GLAD YOU FEEL THE SAME
    Cause to stand up, out in the crowd
    You are one in a million
    And I love you so...
    Let's watch the flowers grow

    Brit.

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