segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Quando o corpo quer e a mente vacila

Tinham me dito que chegaria um momento em que eu me sentiria bem, fisicamente, mas não me sentiria saudável. Quando as maiores dores fossem embora, eu voltaria ao meu pique normal mental e aí sim sofreria psicologicamente. Pois, 40 dias depois de ser operada, esse momento chegou.

Ainda não posso andar, nem de muletas. Não comecei a fisioterapia hoje por um problema da própria clínica. Não sinto dores fortes nem sequer no quadril. Mas minha cabeça não pára e são raros os dias em que durmo sem tomar um remédio pra esse fim. Estou emocionalmente cansada, não me sinto produtiva, sinto-me ligeiramente deprimida...

Enfim, eu sei que é temporário. Não demorará até que eu possa ter alguma autonomia. Porém, estou cansada da rotina de doente sem estar doente. Tenho medo de adoecer de verdade, da cabeça. Não que eu queira minha vida de volta, ela não estava tão boa assim, nem tão certa; mas, se eu recuperasse a paz de espírito, já seria uma grande coisa.

Tenho muito mesmo a agradecer aos amigos que têm vindo me ver, me levam prá sair, me ligam e, especialmente, me compreendem. É muito difícil estar na minha situação e não estou falando isso pra que tenham pena de mim mas, para que, na verdade, eu tenha mais paciência comigo mesma (nunca tive muita!). Meus amigos e minha mãe, em especial, têm me ajudado a ver os fatos de uma outra perspectiva. Estou hipersensível e acho mutas vezes que sou uma pessoa ruim ou não digna do que recebo, e minha tentativa de não incomodar vai tão longe a ponto de eu não abrir a boca sobre quase nada que sinto. É bom então que saibam, por isso falarei publicamente, que está sendo mais sofrido psicológica do que fisicamente, agora. E que vou precisar muito, muito, muito ainda do apoio e da compreensão de vocês.


domingo, 4 de setembro de 2011

Imobilidade e dependência

Às vezes parece que não vai passar nunca esse tempo em que tenho que ficar parada. Hoje faz 33 dias do acidente, mas a impressão é de que estou na cama há meses...as únicas horas em que não me lembro quase da minha imobilidade é quando estou na rua, cercada de amigos, e minha vida parece uma simulação muito boa do que era antes de eu me acidentar. Mas quando chego na casa onde estou, que volto pra cama, volto a me sentir ligeiramente deprimida, e muito, muito preocupada.

De toda essa "experiência", uma das etapas mais difíceis, é, sem dúvida, a de depender totalmente de outras pessoas para tudo. Quer dizer, tudo-tudo não, que felizmente minhas funções orgânicas não foram afetadas, eu como, falo, tenho até uma relativa mobilidade...mas não ando, ainda. E não andar, como eu bem gosto de dizer, é "dureza máxima".

Faz muita falta ir e vir. E quando digo ir e vir não é nada do tipo sair por aí e fazer minhas coisas (quem me dera!). Basicamente, eu tenho que planejar todas as minhas necessidades, incluindo as idas ao banheiro.

Fico igual a uma maluca, observando todos em volta, para poder pedir o que preciso sem achar que estou atrapalhando ninguém. Estou sempre verificando se a pessoa está fazendo algo importante que eu, garota voluntariosa, não deveria interromper.

Nisso, também alterei meus horários e alguns hábitos. Pela manhã, existe um momento em que a casa fica tão buliçosa que não dá mais pra dormir. Lá pelas 9 da manhã eu, que sempre amei dormir até tarde, já estou mais do que acordada...inclusive aos domingos, como hoje. Já a hora de dormir (sim, ela existe!), é um pouco mais complicada: sempre fui uma notívaga e, lá pela meia-noite, não tendo que trabalhar no dia seguinte, sinto-me no auge da minha disposição e criatividade. Só que, claro, na atual situação, morando temporariamente com pessoas que acordam de madrugada para trabalhar e com uma criança de 5 anos em casa, não posso e não devo me estender, de luz acesa, até a madrugada. Então, meio constrangida, desligo a internet, deixo o que estiver fazendo e me imponho um "toque de recolher": não dormir depois das 2 da manhã.

Toque de recolher auto-imposto na minha idade chega a ser engraçado...e a gente que se ilude que é dono do próprio nariz... :)