domingo, 4 de setembro de 2011

Imobilidade e dependência

Às vezes parece que não vai passar nunca esse tempo em que tenho que ficar parada. Hoje faz 33 dias do acidente, mas a impressão é de que estou na cama há meses...as únicas horas em que não me lembro quase da minha imobilidade é quando estou na rua, cercada de amigos, e minha vida parece uma simulação muito boa do que era antes de eu me acidentar. Mas quando chego na casa onde estou, que volto pra cama, volto a me sentir ligeiramente deprimida, e muito, muito preocupada.

De toda essa "experiência", uma das etapas mais difíceis, é, sem dúvida, a de depender totalmente de outras pessoas para tudo. Quer dizer, tudo-tudo não, que felizmente minhas funções orgânicas não foram afetadas, eu como, falo, tenho até uma relativa mobilidade...mas não ando, ainda. E não andar, como eu bem gosto de dizer, é "dureza máxima".

Faz muita falta ir e vir. E quando digo ir e vir não é nada do tipo sair por aí e fazer minhas coisas (quem me dera!). Basicamente, eu tenho que planejar todas as minhas necessidades, incluindo as idas ao banheiro.

Fico igual a uma maluca, observando todos em volta, para poder pedir o que preciso sem achar que estou atrapalhando ninguém. Estou sempre verificando se a pessoa está fazendo algo importante que eu, garota voluntariosa, não deveria interromper.

Nisso, também alterei meus horários e alguns hábitos. Pela manhã, existe um momento em que a casa fica tão buliçosa que não dá mais pra dormir. Lá pelas 9 da manhã eu, que sempre amei dormir até tarde, já estou mais do que acordada...inclusive aos domingos, como hoje. Já a hora de dormir (sim, ela existe!), é um pouco mais complicada: sempre fui uma notívaga e, lá pela meia-noite, não tendo que trabalhar no dia seguinte, sinto-me no auge da minha disposição e criatividade. Só que, claro, na atual situação, morando temporariamente com pessoas que acordam de madrugada para trabalhar e com uma criança de 5 anos em casa, não posso e não devo me estender, de luz acesa, até a madrugada. Então, meio constrangida, desligo a internet, deixo o que estiver fazendo e me imponho um "toque de recolher": não dormir depois das 2 da manhã.

Toque de recolher auto-imposto na minha idade chega a ser engraçado...e a gente que se ilude que é dono do próprio nariz... :)

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