quinta-feira, 23 de abril de 2009

Aversão à fama (dos outros, porque minha nunca haverá mesmo!)

Eu nunca gostei de gente famosa.


(Como assim? E o fulano de dois posts anteriores?)


Não, não é isso. Eu nunca gostei de encontrar gente famosa.


(Ah, tá. Me engana que eu gosto que você sairia correndo se um desses caras que você curte aparecesse na esquina.)


Errr... não. Não é bem assim. É mais a reação das pessoas não-famosas às pessoas famosas que me incomoda. A gritaria, o frisson, o descontrole. Morro de vergonha.


Começou cedo. Quando eu tinha sete anos, minha mãe e eu viajamos para a Disney. Não sei porque, mas fomos parar na sala VIP prá esperar o vôo. De repente - isso foi em 1988 - começa um lufa-lufa de gente e câmeras. E então ela aparece. Alta, morena, até elegante, voz grossa: Sônia Lima. Saca a Sônia Lima? Show de Calouros? 'Aêêê, Sííílviooo'?? Então. Ela mesma. Minha mãe, que até então, aos meus olhos infantis, era uma mãe completamente normal, teve um piti. Quis ir lá falar com a mulher, e foi. Quis me levar: eu me escondi no banheiro. Chorei a minha vida! Não entendia que surto brega de tietagem havia assolado minha mãe, e porque cargas d'água ela queria ME incluir nele. Eu não gostava da Sônia Lima! Não só por ela, mas alguma coisa naquela perna repuxada do Wagner Montes me apavorava (eu não lido bem com pernas repuxadas de celebridades) e não, eu não queria falar com ela. Passei quinze minutos chorando no banheiro e ouvindo a Sônia Lima trovejar lá de fora: "tadinha, deixa ela, está com vergonha!" e minha mãe, sempre carinhosa: "deixe de ser besta!". Não saí. A Sônia Lima acabou indo cuidar da vida dela, e eu fui fungando prá escadinha do avião. Traumático.


Já em Miami, entramos numa loja e demos de cara com a Glória Pires. A essa altura, pensei que havia sido enganada e levada pra uma Disney cenográfica, no Projac. Baixou a groupie 'dexxxcontrolada' de novo em minha mãe, e dessa vez não tive como fugir: Glória Pires carregava um nenezinho - que muito bem podia ser um boneco - e que ela me deixou ver e fazer carinho. Foi simpático, porém estranho.


Anos depois, meu pai foi gerente de um bar e um dia apareceu por lá o Marcos Frota - aquele meio bobo, que tem um circo - e, no dia seguinte, lá estava meu pai, triunfante, com um autógrafo na mão, pra mim. Um autógrafo que não pedi. De um cara que nunca gostei. Será possível, que até o meu pai, pessoa sempre sensata, perdia o fio do raciocínio lógico quando via uma pessoa famosa?


O fato é que a fama em si é uma coisa que eu não entendo muito bem. Ainda mais hoje, quando não é preciso fazer nada mais de relevante prá ser famoso: basta ficar trancada três meses numa casa cheia de gente estranha. Ou mostrar a bunda. Ou ficar trancada três meses numa casa com um monte de gente estranha e, ao sair, mostrar a bunda. Sei que fama hoje em dia é mais atributo de gente esquisita que mostra a bunda do que qualquer outra coisa.


Eu entendo - e sinto - admiração. Quem não ama o que é belo, bem escrito, bem encenado, bem composto e executado? Mas tietagem, essa gritaria, essa curiosidade mórbida pelo que fulano fez, com quem dormiu, onde compra cueca; isso, pra mim...não dá. Se você me estimula com a sua arte, eu quero saber o que faz de você alguém especial, o que te inspira, porque eu vejo um pouco de mim no que você compõe, escreve, canta, a forma como me convence ao encenar seus papéis: não, certamente, quem é seu dermatologista e quantas vezes semana passada você jogou futvôlei na praia.


Mas não funciona assim com todo mundo. A maior parte das pessoas gosta dos famosos porque são famosos. Uma coisa sem sentido, uma retroalimentação dessa mesma fama estéril de que falei. Você não precisa fazer, apenas seja. Na verdade, não seja, finja que é. E sorria prá foto!


Acho que na verdade, meus pais - se estiverem lendo, vão entender - foram meio que contaminados ao encontrar com aquelas pessoas. Porque fama lembra glamour, que lembra dinheiro, que lembra sucesso, que algum idiota espalhou por aí que é o segredo da felicidade. Sucesso pessoal, pode ser. Deve ser. Sucesso pra mostrar pros outros nada mais é do que alimentar o (próprio) ego e os devaneios de quem não tem muito no que pensar, por isso precisa se concentrar na vida alheia.


Eu não sou perfeita, longe disso. Claro que de vez em quando eu espio a revista de fofoca no salão, enquanto faço as unhas. Mas daí a sentar na cama e acompanhar a saga da gravidez da Ivete Sangalo...

3 comentários:

  1. Ah vai falar que não gostaria de saber o que a Beta cozinhou pro Axl ontem?É meio contraditório esse assunto, mas eu entendo o que quer dizer.Eu odeio gritaria e histeria,seja qual for o motivo,ponto.Futebol incluído.Eu fico perplexo vendo pessoas gritar e pular loucamente - dentro de casa mesmo - por causa de um jogo.Eu até gosto de notícias de pseudo e subcelebridades desde que eu possa fazer algum comentário maldoso a respeito.Porém assuntos do tipo Xuxa tem orgasmos múltiplos e gosta de negão e Ivete Sangalo não está grávida ( ainda) mas está tentando 4 vezes ao dia me deixa completamente estupefato e me perguntando porque exatamente eu preciso saber daquilo.

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  2. Isso nos mostra que nao importa a quantos anos se conhece alguem... ainda temos espaço pra surpresas... Eu nao sabia que vc ja tinha encontrado com tantos famosos assim... todos globais ne...
    Minhas experiências com famosos são tão desapegadas, que vc mesma ja me deu bronca por ter passado do lado da Janet Jackson e ter simplesmente falado... eita... eu sei quem é ela!
    Teve tb a Carolina Ferraz, que pelo numero de vezes que ja viajei no mesmo avião que ela, deveria ser minha amiga de infância!
    O Faustão viajou do lado do meu pai, e só mostrou que eu estou certa em fingir que nao existe... pense num ser humano grosso...
    Sabrina Sato tb ja vi e só comentei que ela é larga...
    Debora Seco, Nivea Stelman e Cumpadi Washigton ja estiveram no mesmo camarote que eu num Fortal... tb nao dei a mínima... so fiquei olhando de longe...
    Eu JAMAIS teria coragem de pedir um autógrafo, até porque, acho completamente inútil ter uma assinatura de alguem que nem sabe que eu existo... e nisso discordamos, pois vc TEM um autógrafo do Ace e acha o máxxxximo... hehe
    Fotos com famosos? Tb nao vejo o pq...
    Mas vamos la... se fosse um famoso do tipo brad pitt... eu retiro tudo que eu ja disse na vida sobre o assunto... eu ia querer tiar foto (DELE, nao necessariamente comigo), ia querer tocar, e provavelmente acabaria sem folego... mas gritar e fazer frisson, jamais... apenas olhar e sentir todas as borboletas de uma pessoa apaixonada... admiro muito como pessoa, como ator e como Homem... pq convenhamos... LINDO!
    Isso me faz lembrar uma lista que fizemos a alguns anos atras de coisas que faríamos se encontrassemos o Michael Jackson... hehehe gritar nao era uma delas!
    Agora... tem pessoas que eu gostaria de CONVERSAR... mas sou muito tímida pra sequer tentar... e exemplos são o proprio MJ, a Alanis (pela historia de vida dela, pela cabeça dela que eu acho legal), Brad pitt (de falar como ele é lindo e pq ele nao casa logo COMIGO)...
    VOu parar pq quase fiz um post de blog aqui... hehehe

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  3. Parabéns pelo blog meu anjo, famosos não famosos são os que mais me atraem, se eles morrerem antes da almejada fama, uhuuu! melhor ainda, fama póstuma é sempre mais gloriosa do que qualquer outra, o problema é que vc morre "liso" e sua família fica com o lucro, sendo que enquanto vivo muitos te chamavam de vagabundo ou algo do gênero, que seja, não importa ou sequer faz diferênça.

    Ah, e se tiver que mostar a bunda pra fazer sucesso, acho que também vou rebolar um pouquinho.

    Sem mais no momento, até mais!


    Alberto Grillo

    Os Caras Da Estrella

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